15 abril 2010

À que viemos?

Há cinco anos um pequeno grupo desejou se reunir para discutir questões sobre uma prática clínica conduzida pela orientação lacaniana. Esse grupo cresceu, suas atividades de formação clínica diversificaram-se e, desde 2007, ele vem se reunindo sob essa palavra enigmática - "lalíngua" - significante escolhido por seus membros para representá-lo.

Lacan inventa essa palavra frente à necessidade de tornar mais claro, para seus discípulos e em sua obra, o papel fundamental da linguagem na estruturação do inconsciente e no discurso poético, enquanto a língua procura apreendê-la objetivamente, mas inutilmente, pois ela sempre escapa entre os dedos.

"Lalíngua - espaço de interloucução em psicanálise" nasce com o desejo de, desafiadoramente, constituir uma comun(idade) que prevê um lugar de inscrição para o sujeito: excluído, sempre dividido e alienado de seu dizer. Um espaço que possa acolher a diferença de cada um, semeando a possibilidade de novas respostas a antigas questões, permitindo a invenção e a apropriação particular da teoria, causando o sujeito na árdua e excitante construção de seu estilo. Afinal, é disso que se sustenta o inconsciente: da surpresa, da escuta à irrupção sempre imprevisível de lalíngua.

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